sábado, 24 de abril de 2010

Cidade do vento






Sempre tive uma relação muito íntima com o vento. Lembro-me que

quando criança gostava de subir nas serras e nas encostas do mar

para senti-lo mais intensamente. Adorava a forma como ele brincava

com meus cabelos e tocava meu rosto. Queria enxergá-lo. Os anos se

passaram e minha afinidade com ele só aumentou. Continuo sem

vê-lo é verdade. Mas o escuto sempre que preciso. Basta senti-lo

para muitas vezes me encontrar. O vento me mostra que estou vivo.

Que sou humano.



Nesse ponto acho que escolhi a cidade certa para este período

de férias prolongadas e de tantas mudanças. Devido aos fortes ventos

que sopram do Estreito de Cook, a cidade é

conhecida pelos neozelandeses como Windy Wellington (a

Wellington dos Ventos). Posso dizer que estou em casa. E com

um grande amigo.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Caminhar






Hoje eu andei. Andei mesmo! Sei lá por quanto tempo. Achei que

encontraria, atrás das colinas de Wellington, as respostas para

muitas das minhas indagações. Elas vieram comigo. Atravessaram

o mundo no mesmo vôo. Ainda bem que as passadas desta noite

foram lentas, assim pude perceber que muitas respostas estavam no

próprio caminho, no contato do vento com o meu rosto, no cheiro

do mar e nas luzes da cidade que dormia.



Minhas pernas me conduziram até um píer, a uns bons quarteirões

ao norte de meu apartamento. Perdi a noção do tempo. Não havia

ninguém. Atrás de mim os pequenos prédios a beira mar. Diante de

meus olhos, um oceano infinito. O vento veio forte e não pensei duas vezes.

Levantei-me e abri meus braços empurrando meu peito a

frente. Tive vontade de gritar, mas me contive. Optei por escutar o

que as ondas tinham para me falar. Fui tomado por uma forte

emoção. O nó saiu do peito chegando até garganta. As primeiras

lagrimas desceram pelos meus olhos. Não consegui segurar. E olha

que eu achei que tivesse deixado todas, ou pelo menos boa parte

delas, no divã!!!!!!

sábado, 10 de abril de 2010

Estou aqui






Completei ontem uma semana em terras kiwis. A ansiedade pela viagem e a oportunidade de conhecer algo novo me transformaram quase num desbravador nestes primeiros dias. Parecia um colonizador chegando para “Fazer a América”. Não me contentava com “apenas” duas refeições ao dia (digo dois restaurantes), queria quatro e de preferência um de cada cozinha. A comida aqui é bemmmm diferente!!! Pisei nos dois parques e nas praias que circundam a cidade já nas primeiras horas (que exagero!!!!). Mas acho normal e agora já desacelerei um pouco.

Comecei a estudar inglês na terça-feira. Estou numa classe com trocentosss japonês, chinês, coreano, taiwanês, tailandês e assim vai. Só eu de brasileiro, pelo menos isso. As aulas são puxadas, começam às 9h e vão até as 15h15, com um intervalo de uma hora para o almoço. Na parte de gramática estou sofrendo bastante para acompanhar a turma. Normalmente os orientais vão muito bem na parte gramatical, mas quando vão falar, oh my god!!!! Não entendo quase nada!!! Mas está sendo legal. Quando vou almoçar com algum deles parece conversa de surdo e mudo. Só querem saber de caipirinha, capoeira e futebol. Não preciso nem dizer que sou o mais velho da turma, o “uncle” Patrick. Mas estou me divertindo..

Praticar o inglês está me levando também a fazer tudo aquilo que no meu dia-a-dia eu sempre evitei em São Paulo, ainda mais trabalhando na avenida Paulista e com horário apertado. Em Wellington virei o “exemplo” de gentileza para aqueles “market researchers” (acho que é isso em inglês!!!), que ficam no centro da cidade fazendo levantamento de opnião junto as pessoas. Ontem até me engajei também numa campanha “For the love of pigs”, contra o confinamento dos filhotes de porcos nas fazendas do país. Pode!!!!! Na semana que vem estou pensando em me confessar com um “priest” da igreja bem ao lado do flat onde estou hospedado. Se ele tiver tempo será uma longa conversa!!

Sei que estou escrevendo bem menos do que gostaria, mas confesso que tenho dedicado boa parte do meu tempo para realmente praticar o inglês e conhecer o país. Na semana que vem devo viajar no final-de-semana para alguma cidade aqui da ilha norte. Devo deixar mais para o final das minhas “férias” a visita para a Ilha Sul, onde estão as cidades de Chrischurch e Queenstown.

Postei algumas fotos de Wellington, a cidade onde estou. Linda, linda, linda.

domingo, 4 de abril de 2010

Cheguei





A viagem foi longa e cansativa, mas eu já esperava. Foram 24 horas de vôo com duas trocas de avião. Realmente é perfeita a expressão que a Karina sempre usa quando alguém lhe diz que vai para a Nova Zelândia: “Quer dizer que virá para o fim do mundo”. As duas ilhas que compõe o território do país ficam bem ao sul da Oceania e distantes praticamente de tudo. Os únicos países próximos são Austrália, Ilhas Fuji e Ilhas Samoa. Só para se ter uma idéia, o neozelandês para viajar para a Europa, leva mais de 20 horas e outras 20 e tantas para outros países da América.

Mas o país é lindo. Estou há poucas horas na Nova Zelândia e a impressão é a melhor possível. Desembarquei no aeroporto de Wellington às 8h10 do sábado (horário local). Eu ainda nem havia retirado as malas das esteiras, quando vi o Greg e Karina no corredor do saguão. Foi uma sensação bem legal!!! A Karina é uma amiga de muitos anos e que, apesar da distância que nos separa, nunca deixamos de nos falar.

Saímos do aeroporto e fomos diretamente para um café no centro da cidade e depois eles me levaram para um tour por Wellington. Apesar de ser a capital política e cultural da Nova Zelândia, a cidade não é grande. Tem pouco mais de 400 mil habitantes e está localizada bem a sul da Ilha Sul. Muitas casas foram construídas nos morros que circundam a cidade e quase todas com vista para o mar. O centro tem poucos, mas modernos edifícios.

No começo da tarde nos fomos para uma espécie de feira livre, montada num estacionamento de Lower Hutt (cidade vizinha a Wellington). Todas as manhãs de sábado, os produtores rurais da região lotam seus caminhões com frutas, legumes e verduras e comercializam seus produtos. Diferentemente da feira no Brasil (que alias eu adoro!!) aqui na Nova Zelândia não tem aqueles feirantes gritando: “Madame pode levar que está fresquinho!! Só hoje pague uma e leve duas....”. A Karina me disse que os produtores são do interior do país e também muitos maoris – população original da Nova Zelândia (depois vou contar melhor sua história). Tem também muitos moradores das ilhas da região, que chegam as pencas em busca de trabalho por aqui.

Bom, é isso por enquanto.