terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O elevador









A seta do elevador estralou apontando sua luz para cima quando ela passou pelo primeiro portão da garagem com seu andar curto, porém veloz. Quase caindo do lado direito do ombro trazia uma bolsa grande de cor verde meio desbotado e alguns penduricalhos no pescoço e um bracelete com filetes de madeira indígena no pequeno braço esquerdo. Antes de passar o cartão pela catraca, esbaforida soltou: - sobe!!!!

Ele, com sua alta estatura distribuída num terno cinza recém vestido e gravata com o nó por finalizar esticou o braço entre as duas portas confiando no sensor do aparelho. Deslocou para o lado a pasta que trazia na outra mão e a observou entrar. O espelho que revestia aquele pequeno espaço lhe permitiu olhá-la por todos os ângulos. A porta se fechou e o aroma de um suave perfume se misturou ao inconfundível cheiro de cabelo lavado há pouco. Assim que o elevador começou a ganhar os primeiros andares o olhar de ambos já transpassava os corpos. Bolsas e pastas foram ao chão. Os lábios se encontraram, se espremeram em maciez carnuda. Pernas se entrecruzaram, rasgando em intensidade. As línguas molhadas pelo silêncio daquela manhã de outono salivavam em excitação. O beijo era tórrido. Tudo registrado pela pequena câmera no canto do teto.

A sete estralou anunciando a chegada do andar. Era hora de trabalhar
.