domingo, 10 de janeiro de 2010

Novas rotinas






Uau, que dia!!!! Finalmente uma manhã de sol. Já não agüentava mais tanta água. Li ontem no jornal que nas últimas três semanas tem chovido todos os dias. Estava com saudade de escancarar meu janelão. Acabei de abri-lo por inteiro, de ponta a ponta. O primeiro contato com o dia não poderia ser melhor. O vento tocou meu rosto mal enxugado, me proporcionando uma prazerosa sensação de frescor. Despertei. Ao mesmo tempo, atrás de mim, na pequena mesa de centro, folhas de papel rabiscadas e cinzas de cigarrilhas voaram ao chão. Pior: caíram no tapete. Dei de ombro e continuei em pé olhando o horizonte. Meu deu vontade de ouvir The Cranberries. A voz suave de Dolores O’Riodan com suas letras quase que poéticas, seria uma boa pedida para a ensolarada manhã.


Tenho escrito pouco nos últimos dias. Mas não sem motivo. Estou cobrindo as férias de um colega na rádio o que tem me exigido algumas horas a mais de trabalho. Estou acordando mais cedo do que de costume e a noite, quando o ponteiro do relógio vai chegando perto das 22h, meu corpo já começa a dar mais atenção ao lençol do que o intelecto. A nova rotina tem me obrigado a ler mais jornais. É a forma que encontro para me preparar melhor para as entrevistas e a apresentação do jornal da tarde, na Jovem Pan. Confesso que não é o tipo de leitura que tem me agradado ultimamente. Muito pelo contrário. Mas este é assunto para uma outra ocasião.


Agora há pouco, ainda no quarto antes de me despertar de vez, fiquei pensando sobre as novas rotinas e sensações que estou vivendo dentro de minha casa, agora como um recém separado. A mais estranha delas é acordar sozinho numa cama de casal não estando mais casado. Tem algo de muito diferente. Dormir sozinho num objeto projetado a princípio para dois corpos pode parecer mais confortável e espaçoso. E é de fato. Dá para dormir até de atravessado se quiser. Mas quando se trata daquela cama com quem se compartilhou uma vida a dois durante alguns anos, o seu espaço vai continuar sendo somente aquele que se tinha antes de dormir só. A outra metade não me pertence. É incrível! Desde que me separei, todas as noites entro pelo mesmo lado da cama. Sem que me dê conta, meu corpo se ajeita à esquerda, como se pressentisse que o outro lado tem seu dono. E o interessante é que, mesmo durante um sono profundo, meu corpo não avança, não se deixa esparramar além de seu limite. É como se existisse uma linha imaginária, dividindo-a ao meio. Tem sido comum acordar com só um lado da cama desarrumado.


A cama é exemplo mais emblemático das pequenas mudanças que estou experimentando nestas últimas semanas. Agora mesmo, ao tomar o café-da-manhã, me deu conta que só sento à mesa da cozinha, do lado do armário. A cadeira junto à janela está intacta a dias. O sofazão da sala é outro exemplo. Só assisto televisão deitando-me do lado da parede do corredor. Os pés preferem ficar encolhidos a ocuparem a outra metade. Gozando, né?


Acho que a casa está muito grande para mim. Vou começar a procurar um apartamento.

Um comentário:

  1. cinzas de cigarrilhas + cranberries = uma noite fria e romântica a beira do Tâmis...
    perfeito...

    e isso me lembra de recuperar meu cd deles...

    kisses

    ResponderExcluir